Na manhã desta terça-feira (13/5), Virginia Fonseca compareceu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets no Senado Federal. A presença da influenciadora, convocada como testemunha, gerou grande expectativa — não apenas pela popularidade de Virginia, mas também por seu envolvimento em campanhas publicitárias para plataformas de apostas esportivas. Em meio a acusações, perguntas duras e respostas atravessadas, a empresária se defendeu com firmeza e deixou claro que sua fortuna não foi construída às custas de casas de apostas.
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Virgínia Fonseca: Entrada pela Porta da Frente
Diferente de outros depoentes com projeção nacional, Virginia não solicitou nenhum tipo de tratamento especial e fez questão de acessar o Senado pela entrada principal. Sua chegada foi acompanhada de celulares em punho, com políticos e curiosos registrando o momento. Vestindo uma blusa estampada com o apelido da filha, “FlôFlô Biuta”, ela se apresentou formalmente antes do início da sessão.
Mesmo tendo obtido um habeas corpus no STF que lhe garantia o direito de permanecer em silêncio, a influenciadora escolheu responder às perguntas dos senadores, mostrando confiança em sua defesa. A decisão foi autorizada pelo ministro Gilmar Mendes, que ressaltou o direito da depoente a ser tratada com respeito e dignidade.
Rebatendo acusações e desmentindo contratos polêmicos
A convocação de Virginia foi feita pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI, sob o argumento de que a influenciadora tem grande alcance e influência sobre milhões de seguidores, sendo figura central na publicidade de plataformas de apostas. A parlamentar reforçou que não havia intenção de exposição pública, e que a comissão busca apenas aprimorar a legislação.
No entanto, o clima esquentou quando Soraya mencionou reportagens da revista Piauí, que acusavam Virginia de ter recebido 30% das perdas dos usuários que acessavam os sites de apostas por meio de seu link — o chamado “cachê da desgraça”. Em resposta, a empresária foi enfática:
“Na época, saiu na internet, eu não pude responder por questão de confidencialidade e apanhei calada. […] Em momento algum recebi valor referente às perdas. Meu contrato não tem nada de anormal”, declarou Virginia.
Ela explicou que o contrato com a empresa Esportes da Sorte previa um bônus de 30% caso o lucro da casa dobrasse, mas a meta não foi atingida. Segundo Virginia, não recebeu nenhum valor adicional além do fixo contratado e se colocou à disposição para apresentar o documento como prova.
Empreendedora, mãe e alvo de críticas públicas
Durante sua fala inicial, Virginia compartilhou um pouco de sua trajetória, desde o início na internet aos 17 anos até sua ascensão como influenciadora e empresária. Ela destacou que sua carreira teve uma reviravolta com o relacionamento com o cantor Zé Felipe, com quem tem três filhos.
A apresentadora também desabafou sobre os ataques públicos que sofreu após as acusações:
“Eu acredito muito na justiça de Deus. […] Eu tive agora a oportunidade de vir aqui e falar a verdade. Passei por tudo isso, todo mundo me xingando achando que era verdade, e hoje eu tive a oportunidade de desmentir.”
Ao ser questionada sobre possíveis processos contra veículos de imprensa, como a Piauí, afirmou que não pretende gastar tempo com isso: “Tenho filhos maravilhosos, um trabalho que amo. […] Se for gastar meu tempo com a revista, esqueço minha vida.”
Defesa política e posicionamento sobre educação financeira
Durante a sessão, Virginia recebeu apoio explícito do senador Cleitinho Azevedo, que a elogiou como empreendedora e afirmou que ela gera riqueza para o país. Em tom bem-humorado, o parlamentar revelou que usou o pré-treino da marca de Virginia, a WePink, e ainda pediu que ela mandasse um beijo para sua esposa.
“Você não precisa mais disso. Acaba com essa divulgação de apostas. Divulga seus pré-treinos”, aconselhou Cleitinho.
Já o senador Carlos Portinho (PL-RJ) aproveitou para discutir a importância de se oferecer educação financeira sobre jogos de apostas, principalmente para o público jovem. Virginia respondeu positivamente, dizendo que considera a ideia excelente, mas ressaltou que essa responsabilidade cabe aos parlamentares.
Fortuna construída com a WePink, não com apostas
Um dos pontos altos do depoimento foi quando a senadora Soraya questionou se Virginia teria construído seu patrimônio com apostas. A influenciadora respondeu com firmeza:
“Minha empresa, a WePink, faturou R$ 750 milhões no ano passado. Não foi com bets que construí minha vida.”
Com esse dado, Virginia buscou afastar a narrativa de que sua fortuna teria vindo exclusivamente da promoção de sites de apostas — atividade que, segundo ela, foi apenas uma entre tantas ações publicitárias ao longo de sua carreira.
Conclusão: entre a pressão política e a resposta popular
O depoimento de Virginia Fonseca na CPI das Bets misturou tensão, humor e indignação, refletindo o impacto das influenciadoras digitais em um mercado ainda pouco regulado no Brasil. Apesar da pressão, Virginia se manteve firme, rejeitou acusações, reafirmou sua ética profissional e defendeu sua trajetória com clareza e emoção.
Além disso, sua postura diante da comissão — sem privilégios, com respostas diretas e críticas bem articuladas — parece ter reforçado sua imagem pública diante de um público que acompanhou cada detalhe de sua participação no Senado. A repercussão do caso segue forte nas redes sociais, onde a audiência digital continua a ser tão relevante quanto a dos próprios parlamentares.