O SBT está passando por uma transformação histórica. Daniela Beyruti, filha de Silvio Santos, decidiu dar um basta no conteúdo sensacionalista que marcou o jornalismo da emissora nos últimos anos. O objetivo agora é claro: substituir a violência e o medo por pautas positivas, educativas e elegantes.
A decisão não ficou apenas no discurso. Nesta segunda-feira (19), os jornalistas da emissora foram surpreendidos por uma determinação interna rígida: os telejornais não podem mais exibir tragédias, crimes ou reportagens apelativas. A ordem foi repassada em uma reunião emergencial com todos os editores-chefes, deixando claro que o SBT quer mostrar “o lado bom da vida” para os telespectadores.
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Nada de sangue: sensacionalismo está proibido
De acordo com apuração do TV Pop, a nova política editorial do SBT é clara e sem margem para exceções. Reportagens policiais e tragédias só poderão ser exibidas em casos excepcionais, e mesmo assim, sem imagens fortes. A cobertura será feita com falas dos repórteres no local (os chamados stand-ups) ou como uma nota lida pelo âncora, sem apelo visual ou emocional.
Essa mudança afeta diretamente programas como o Primeiro Impacto e o Tá na Hora, que por anos alimentaram suas pautas com conteúdo enviado por afiliadas focadas justamente em cenas chocantes. Agora, essas emissoras terão que se adaptar e produzir reportagens mais leves, humanas e construtivas.
Demissões e desconforto nos bastidores
A “lei anti-desgraça” de Daniela Beyruti já começou a ter efeitos concretos. Ainda no mesmo dia do anúncio, duas baixas importantes foram registradas:
Rafael Batalha, principal repórter do Tá na Hora, foi demitido. Já Rodrigo Garavini, que atuava como repórter e apresentador substituto do SBT News, preferiu pedir demissão e aceitou um convite para trabalhar em uma emissora do interior.
Nos bastidores, o clima é de tensão. Muitos profissionais não estão preparados para lidar com o novo formato, que exige criatividade e sensibilidade para cobrir pautas mais amenas, como histórias inspiradoras, educação, cultura e comportamento.
Contradições e desafios no novo SBT
Apesar da proposta positiva, a nova diretriz da emissora chega em um momento de contradições. Luiz Bacci, conhecido justamente por ancorar o Cidade Alerta com forte apelo policial, estreará um novo telejornal de duas horas no SBT. E em breve, a emissora trará de volta o clássico Aqui Agora, famoso por mostrar “a vida como ela é” — inclusive com muita violência.
A grande pergunta nos corredores da emissora é: como equilibrar essa nova filosofia com formatos já associados ao sensacionalismo? Para Daniela, a resposta parece estar na fé e na inspiração. A executiva tem dado espaço para conteúdos como os de Deive Leonardo, pastor e influenciador cristão, cujas mensagens de esperança agora representam o espírito do novo SBT.
Um novo rumo para a televisão aberta?
A aposta de Daniela Beyruti é ousada: substituir o impacto da tragédia pela força da positividade. Ao transformar completamente o tom do jornalismo do SBT, ela propõe uma alternativa rara na televisão aberta — um noticiário que informa sem chocar, e que valoriza o que há de bom na sociedade.
Mas o caminho será desafiador. O público que consome o noticiário policial está acostumado com adrenalina e imagens fortes. O sucesso da mudança vai depender da capacidade da emissora de reconquistar essa audiência com um novo olhar sobre a realidade — mais leve, mais humano e, nas palavras de Daniela, mais “classudo”.