O apresentador Marcos Mion usou suas redes sociais para comentar publicamente a condenação do humorista Léo Lins, que vem gerando ampla repercussão na mídia e nas redes. Apesar de já ter criticado Lins no passado por uma piada envolvendo autismo, Mion classificou a sentença judicial como um “ultraje” e defendeu que, embora o humorista possa ser processado ou criticado, ser preso por piadas é um exagero.
“Agora, mesmo já tendo tido um embate com o Leo sobre um texto de m*rda que ele fez sobre o autismo, eu estou do lado que condenação criminal em cima de humor é um ultraje. É um absurdo”, escreveu Mion em sua conta no Instagram.
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“Leo Lins é um excelente humorista”, diz Mion
O apresentador relembrou que Léo Lins começou na televisão como redator do extinto programa “Legendários”, que era comandado por ele. Segundo Mion, o humorista entregava textos afiados e criativos nos bastidores. No entanto, ele também destacou que Lins escolheu “o caminho do humor ofensivo, do escárnio, do choque e da absoluta falta de respeito”.
“Eu não gosto e não respeito esse tipo de humor. Mas ele existe. Nos EUA tem muito mais adeptos ao estilo do que no Brasil. É uma escolha do humorista optar em infringir dor em minorias, espalhar o mal… fazer mal para os objetos dos seus textos. E tudo bem. Quem não quer ser impactado não vai ao show, não assiste ao conteúdo. Tá no jogo”, completou Mion.
Entenda o caso
Léo Lins foi condenado pela Justiça Federal de São Paulo a mais de 8 anos de prisão por promover o que foi considerado um discurso de ódio e discriminação em suas piadas. O foco das acusações são apresentações em que ele fez comentários ofensivos contra negros, obesos, indígenas, homossexuais, pessoas com HIV, idosos e outros grupos vulneráveis.
Além da pena de reclusão, ele foi condenado a pagar R$ 300 mil por danos morais coletivos.
A Justiça considerou que o conteúdo do espetáculo “Perturbador”, divulgado em 2022 no YouTube, extrapola os limites da liberdade de expressão e incita a intolerância e o preconceito.
A defesa de Léo Lins
A equipe jurídica do humorista declarou que irá recorrer da decisão, classificando a sentença como desproporcional e alegando que ela coloca piadas no mesmo patamar de crimes como tráfico de drogas e homicídio.
“O humor de Léo Lins é provocador, mas não criminoso”, argumentam seus advogados.
Reações do meio artístico
A condenação provocou reações divergentes entre famosos. Fábio Porchat saiu em defesa de Léo Lins, enfatizando que a liberdade de expressão no humor deve ser preservada, mesmo que o conteúdo seja questionável. Para ele, o risco de criminalizar piadas pode abrir precedentes perigosos para a censura.
Leandro Hassum também se manifestou nas redes sociais em apoio ao humorista, criticando duramente a decisão judicial e defendendo a liberdade de expressão. Hassum classificou a condenação como “covarde” e expressou preocupação com os limites impostos ao humor.
Por outro lado, a atriz Luana Piovani utilizou o Instagram para se manifestar a favor da condenação de Léo Lins. Ela afirmou que a pena não lhe parece exagerada e criticou os famosos que saíram em defesa do humorista. “Não acho pouco oito anos para uma pessoa que faz piada com as minorias marginalizadas”, declarou.
Por outro lado, muitos internautas criticaram duramente a decisão de Mion de defender Lins nesse momento, acusando o apresentador de incoerência por já ter condenado publicamente piadas ofensivas no passado.
O debate sobre os limites do humor
O caso reacende um antigo e complexo debate: até onde vai o direito à liberdade de expressão no humor? E quando o riso ultrapassa o limite e se transforma em violência simbólica?
Enquanto alguns defendem que o público deve escolher o que consome e que o artista deve ter autonomia criativa, outros reforçam a importância de preservar a dignidade de minorias e combater discursos que perpetuam estigmas e opressões.
Independentemente do desfecho jurídico, o caso de Léo Lins já entrou para a história recente da comédia brasileira e coloca o mundo do entretenimento diante de uma encruzilhada ética: provocar o riso a qualquer custo ou estabelecer limites para o que se considera aceitável?