O remake de “Vale Tudo”, exibido pela TV Globo, tem gerado preocupação nos bastidores da emissora devido à audiência e repercussão abaixo do esperado. Essa situação pode levar a mudanças estruturais profundas na forma como a dramaturgia é concebida e produzida.
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Mudanças de horário e desejo do público
Nos bastidores, comenta-se que o horário tardio da exibição da novela é um fator crucial para a perda de público, algo que estudos internos da emissora teriam confirmado. Há também questionamentos sobre o ritmo e o tom do texto da adaptação.
Profissionais do meio concordam que escrever uma novela das 21h virou uma missão ainda mais arriscada, com exigência por resultados imediatos. Escrever um remake, em particular, é uma tarefa complexa, pois exige lidar com a expectativa coletiva, respeitar a memória afetiva e propor uma releitura que dialogue com os novos tempos.
Futuro de Manuela Dias em Xeque e Novas Estratégias na Dramaturgia Global
A autora da nova versão de “Vale Tudo”, Manuela Dias, teve sua estabilidade profissional colocada em xeque em reuniões recentes entre executivos da emissora. Mesmo com um contrato fixo até 2028, Manuela, conhecida por trabalhos aclamados como “Justiça” e “Amor de Mãe”, pode ser inserida na política de vínculo “por obra” após esse período. Este modelo já é adotado com nomes históricos como Gloria Perez e Aguinaldo Silva. A medida, embora não seja uma demissão, sinaliza uma revisão na estabilidade dos autores diante de resultados insatisfatórios.
No caso específico de Manuela Dias, a movimentação também prevê a possibilidade de que ela seja testada em outras faixas de horário (18h ou 19h). Isso pode ser benéfico para a autora, pois há uma forte suspeita de que o grande problema talvez não seja seu texto (que já teve indicação ao Emmy Internacional), mas sim a perda do hábito dos brasileiros em acompanhar novelas tão tarde.
“Reality” de novelas
Sob a liderança de José Luiz Villamarim, o departamento de dramaturgia da Globo estuda um novo sistema de seleção de novelas, com autores apresentando sinopses concorrentes para um mesmo horário.
Uma “banca” interna avaliaria os projetos, aprovando aquele considerado mais interessante e competitivo. Essa “competição de ideias” surge da pressão por inovação após o desempenho aquém do esperado de recentes folhetins, buscando manter a liderança frente ao avanço do streaming.
Há um alerta de risco de o canal perder a exclusividade de seus talentosos autores brasileiros para os streamings se não houver vínculos mais longos.