O que era pra ser um recurso simbólico e emocional acabou se transformando em um problema de bastidores e um grande furo de roteiro no remake de “Vale Tudo”. A tatuagem de Raquel, personagem de Taís Araújo, feita em homenagem à filha Maria de Fátima (Bella Campos), colocou a produção da novela das nove da Globo numa verdadeira sinuca de bico. Vem entender mais aqui no Faropop!
Direto Ao Ponto
Uma homenagem que virou armadilha
A ideia por trás da tatuagem era dar uma nova identidade visual e emocional à protagonista, diferenciando-a da versão original vivida por Regina Duarte em 1988. Na adaptação escrita por Manuela Dias, o desenho no corpo de Raquel — com o nome da filha tatuado — serviria como um símbolo do amor incondicional de mãe, algo marcante e visualmente forte.
Mas o detalhe virou um tiro no pé. Isso porque um dos pilares centrais da trama é o segredo da maternidade: Maria de Fátima esconde que é filha de Raquel, por vergonha da origem humilde da mãe. Ou seja, se a protagonista carrega o nome da filha tatuado no corpo, como ninguém percebe isso na novela?
Furo de roteiro escancarado
O erro ficou ainda mais evidente nos últimos capítulos, quando Raquel passou a circular com naturalidade pelo núcleo rico da trama, interagindo com personagens como Solange (Alice Wegmann), Afonso (Humberto Carrão) e Renato (João Vicente de Castro). Em um evento recente, ela chegou a cantar e dançar cercada pela elite, com a tatuagem à mostra — e ninguém notou nada.
Nas redes sociais, o público reagiu rapidamente: “Como é que ninguém vê a tatuagem?”
“Ela anda com a tatuagem no peito e ninguém se liga que a filha dela se chama Maria de Fátima?”
A crítica não é apenas sobre o detalhe técnico. É sobre a verossimilhança da história. O público exige coerência, principalmente em uma novela como Vale Tudo, que sempre foi marcada por seus dilemas morais e sociais.
Produção corre para consertar o erro
Agora, a produção da Globo precisa correr atrás do prejuízo. A saída? Improvisar. A expectativa é que a personagem de Taís Araújo passe a usar blusas mais fechadas, lenços ou acessórios para cobrir a tatuagem — além do cabelo comprido ganhando função estratégica no figurino.
Só que isso abre um novo dilema narrativo: Raquel é contra a farsa da filha, e seria incoerente ela mesma começar a mentir ou esconder algo para preservar justamente essa mentira. O que era pra ser uma homenagem cheia de significado, virou um nó na construção da personagem.
O risco de virar piada
O deslize técnico pode parecer pequeno, mas tem potencial para minar a credibilidade da protagonista. Em tempos de redes sociais, qualquer inconsistência vira meme — e quando isso acontece com um personagem central, a narrativa como um todo corre o risco de enfraquecer.
A equipe de Vale Tudo terá que mostrar habilidade para resolver esse impasse sem prejudicar o arco dramático da história. Afinal, uma tatuagem mal planejada não pode falar mais alto que a coerência de um roteiro.