Durante o mês de conscientização sobre o autismo, o Fantástico lançou o quadro “Pode Perguntar”, onde personalidades são entrevistadas por profissionais dentro do espectro autista. Inspirado em um projeto internacional de sucesso baseado em uma famosa revista francesa, o quadro chegou ao Brasil reunindo grandes nomes para conversas espontâneas e sinceras. E a estreia não poderia ter sido mais impactante: Vera Fischer, uma das maiores atrizes brasileiras, abriu o coração e conquistou a internet.
Direto Ao Ponto
A experiência única de ser entrevistada por autistas
“A gente fala que quem conheceu um autista conheceu um autismo. São vários autismos dentro do mesmo nome”, explicou a psiquiatra Daniela Bordini. Essa diversidade de percepções foi o que trouxe ainda mais profundidade à entrevista de Vera Fischer, conduzida por profissionais com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em meio a perguntas diretas e genuínas, Vera compartilhou momentos marcantes de sua trajetória pessoal e profissional.
Relacionamento com o pai e as memórias da infância
Durante a conversa, a atriz Amanda Nascimento questionou Vera sobre sua infância ao lado do pai, um alemão que imigrou para o Brasil após a Segunda Guerra Mundial. Vera revelou que o pai tinha uma rigidez típica da cultura alemã e acreditava nos discursos de Hitler. “Meu pai acreditava nos discursos de Hitler, ele achava que a Alemanha seria grandiosa novamente,” contou. Ela também relembrou o momento em que o pai tentou fazê-la ler Mein Kampf, mas ela recusou: “Falei: ‘não, pai, não quero ler isso.’ Depois ele me deu uma coleção de Dostoiévski”, disse, com um sorriso nostálgico.
Reflexões sobre a carreira e a época da “Boca do Lixo”
O passado cinematográfico de Vera também foi tema da entrevista. Ao ser questionada por Marcelo Abreu sobre sua participação na época da Boca do Lixo, famosa pela pornochanchada nos anos 70 e 80, a atriz expressou o orgulho em ter feito parte de um movimento artístico ousado, apesar das limitações impostas pela ditadura militar. “A gente queria fazer uma coisa mais leve e ao mesmo tempo transgredir”, refletiu Vera, mostrando seu espírito revolucionário.
A imagem de símbolo sexual e o amadurecimento
Vera Fischer também falou sobre o peso de ter sido considerada um símbolo sexual durante décadas. “Nunca me fez bem o endeusamento. Eu era chamada de ‘deusa’ por causa da novela Jocasta. Mas, para mim, tudo isso era um pouco excessivo,” revelou. Hoje, aos 73 anos, a atriz enxerga a beleza e a autoestima de maneira muito mais madura e serena.
Casamentos, filhos e superação das drogas
O quadro também trouxe à tona momentos íntimos da vida pessoal da atriz, como seus casamentos e a maternidade. Vera falou sobre sua relação com Felipe Camargo, com quem foi casada entre 1988 e 1995. “Foi um casamento bacana enquanto durou. Tivemos o Gabriel, meu filho, que é a coisa mais doce do mundo,” declarou. Ela ainda admitiu que enfrentou o problema das drogas nesse período, mas destacou sua força para superá-lo sozinha: “Eu me envolvi com drogas, mas não foi algo tão grave, porque, quando decidi parar, parei sozinha, sem ninguém saber.”
Sobre o término, Vera foi enfática: “Toda relação de amor que termina com um filho que eu quis muito é porque foi feliz.” A atriz também relembrou sua filha Rafaela, fruto do relacionamento com Perry Salles.
Adaptação às redes sociais e enfrentamento do etarismo
Outro ponto emocionante da entrevista foi o relato de Vera sobre sua relação com as redes sociais. A atriz revelou que só começou a usar celular em 2020 e que enfrentou bastante resistência para entrar no mundo digital. “No começo, tinha muita coisa de hater, eles diziam: ‘Está ficando velha’,” relatou. Com o tempo, Vera conquistou uma legião de fãs nas plataformas digitais, ultrapassando 1 milhão de seguidores no Instagram. “Fiquei meio estigmatizada durante muito tempo, mas agora tenho fã-clubes que abriram há pouco tempo, gente nova, gente velha, me tratam com tanto carinho”, contou emocionada.
O presente e os próximos passos
Atualmente, Vera Fischer continua ativa no meio artístico, com novos projetos de teatro e cinema. Ela participou recentemente de um filme em homenagem aos 60 anos da TV Globo e, nas horas livres, prefere a tranquilidade de casa, cercada por seus livros e familiares. “Agora, eu gosto muito de ficar em casa, ler meus livros,” disse.
O quadro “Pode Perguntar” promete mais encontros emocionantes, tendo já confirmado entrevistas com Seu Jorge e Fábio Assunção para as próximas semanas.