A 25ª edição do Big Brother Brasil entrou para a história, mas não da forma como a TV Globo esperava. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Amauri Soares, diretor geral da emissora, reconheceu que o programa teve uma audiência abaixo do esperado, com a final menos assistida da história do reality, mas defendeu que o BBB 25 foi um grande sucesso em outros formatos, como o Globoplay e as redes sociais.
Table of Contents
A queda histórica de audiência do BBB 25
De acordo com dados divulgados pela revista Veja, a final do BBB 25 registrou apenas 17 pontos de audiência, um número inferior até mesmo ao recorde negativo anterior, do BBB 23, que havia atingido 19,5 pontos. Em momentos decisivos, como a final do Campeonato Paulista entre Corinthians e Palmeiras, o reality chegou a amargar a segunda colocação, sendo superado pela Record, que alcançou 24,2 pontos enquanto o BBB 25 marcou 11,7 pontos. Além disso, em algumas ocasiões, o programa também perdeu a liderança para a concorrência, algo impensável em edições anteriores.
Apesar de reconhecer o desempenho fraco, Amauri Soares atribuiu parte dessa queda à telenovela “Mania de Você”, escrita por João Emanuel Carneiro, que antecedia o programa e também apresentava índices abaixo da média para o horário nobre. “O Big Brother recebia uma audiência menor da novela do que na edição passada. Em TV aberta, isso afeta”, explicou o executivo.
Um sucesso fora da televisão
Apesar do fracasso nos números tradicionais, Amauri Soares destacou que o BBB 25 dominou as conversas nas redes sociais e foi amplamente consumido no streaming. “O BBB deste ano dominou as conversas sobre televisão no Brasil nas redes sociais por quatro meses. Em alguns momentos, chegou a ocupar 90% das conversas“, afirmou. Para ele, essa relevância, embora não capturada pelos métodos tradicionais de audiência, é um indicativo claro do impacto cultural do programa.
O diretor também lembrou que, do ponto de vista comercial, o BBB continua sendo um campeão de publicidade, atraindo grandes marcas mesmo em tempos de audiência linear mais baixa. “A audiência linear é menor, mas o mercado publicitário e as marcas sabem que isso não significa que o conteúdo está sendo menos visto”, reforçou.
A nova era da TV aberta e a busca por métricas mais justas
Amauri Soares acredita que o mercado de televisão está em um momento de transição profunda, impulsionado pelo avanço da tecnologia e mudanças no comportamento do público. Ele defendeu a urgência de uma métrica de audiência única, que consiga medir de maneira justa o consumo tanto na TV tradicional quanto no streaming. “Infelizmente, não há hoje no Brasil nem em outros mercados uma métrica que consolide esse consumo”, disse.
Segundo o diretor, enquanto a audiência da TV aberta é auditável e transparente, os números das plataformas digitais são baseados apenas em dados internos, sem auditoria independente. Essa falta de padronização gera desconfiança no mercado publicitário e dificulta comparações corretas de desempenho.
Além disso, Soares aposta na TV 3.0, um novo sistema que promete tornar a TV aberta mais interativa e customizável, reunindo o melhor do streaming com a força da televisão tradicional. Ele vê na inovação uma oportunidade de manter a relevância da TV Globo nos próximos anos.
A confiança no futuro da TV Globo
Mesmo diante das críticas e do cenário competitivo mais difícil, Amauri Soares projeta confiança no futuro da emissora. “A TV Globo hoje é muito maior do que quando entrei aqui, em 1987. É maior em tamanho, em horas de produção, em receita comercial, em exportação e em alcance de pessoas”, declarou.
Segundo o executivo, a missão da Globo continua sendo propor pautas relevantes para a sociedade, rejeitando a lógica do “conteúdo feito por algoritmo” e reafirmando o papel da emissora como curadora de debates e diversidade de ideias. Ele também destacou que a Globo, além da TV aberta, se fortaleceu no digital, estando presente no notebook, no celular, no streaming e no on demand, ampliando seu alcance muito além da tradicional televisão da sala de estar.