O público da TV Globo está dando sinais claros de cansaço, e o motivo pode estar bem debaixo do nariz da emissora: novelas demais, por tempo demais. Atualmente, com tramas inéditas e reprises, são seis títulos espalhados ao longo do dia e da noite, o que levanta uma pergunta importante nos bastidores: será que esse volume exagerado não está espantando o público?
Há uma percepção crescente de que a estratégia de encher a grade com novelas pode estar comprometendo a qualidade das produções e diminuindo o impacto de histórias que antes dominavam o horário nobre. Não é raro ouvir comentários de telespectadores que simplesmente desistiram de acompanhar por não conseguirem mais acompanhar tantas narrativas diferentes.
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Modelo tradicional pode estar ultrapassado
Durante décadas, o modelo de exibição de novelas da Globo — com horários fixos no fim da tarde, começo da noite e horário nobre — foi sinônimo de sucesso e audiência. Mas o que funcionava no passado pode não fazer mais sentido hoje. O comportamento da audiência mudou, a concorrência com o streaming aumentou e o tempo disponível para assistir TV ao vivo diminuiu.
Três novelas em sequência à noite pode ser mais um excesso do que uma tradição bem-sucedida. Talvez, em vez de quantidade, a emissora devesse apostar em qualidade, com duas novelas fortes e bem distribuídas no horário ou deixar de exibir a edição especial no começo da tarde e concentrar sua faixa de novelas apenas a noite, como era em outros tempos.
Amauri Soares em missão internacional
Enquanto essas discussões ganham força, o diretor-geral da Globo, Amauri Soares, está em Nova York participando de um dos principais eventos de televisão dos Estados Unidos. Lá, as grandes redes apresentam suas próximas apostas ao mercado publicitário e à imprensa. A presença do executivo brasileiro é vista como um sinal de que a Globo está buscando novas inspirações para repensar sua programação ou, ao menos, novas aquisições de formatos para produzir por aqui.
“Vale Tudo” em fase final de produção
Ao mesmo tempo, Manuela Dias, autora da nova versão de “Vale Tudo”, está nos momentos finais da entrega dos roteiros para a emissora. A novela, uma das mais esperadas do ano, tem a missão de resgatar o prestígio do horário das 21h. Mas mesmo com uma trama de peso, o desafio permanece: como manter o interesse do público em meio a tantas outras histórias sendo exibidas ao mesmo tempo? O resultado é que a audiência atual não tem correspondido com o que a emissora deseja ou, ao menos, espera.
Hora de repensar estratégias
O momento parece ideal para uma virada de chave. A audiência fragmentada e a queda no engajamento mostram que o público quer novidades, mas também precisa de respiro. Reduzir o número de novelas diárias, apostar em narrativas mais enxutas e trazer formatos diferenciados pode ser o caminho para reconquistar a relevância perdida.
Enquanto isso, os olhos estão voltados para os próximos passos da Globo. A movimentação nos bastidores, a busca por referências internacionais e a renovação de tramas consagradas podem ser o início de uma nova fase na emissora — mais conectada com o presente e menos presa ao passado.
