Nesta quarta-feira (15), o SBT apresenta oficialmente sua nova programação, marcando um dos movimentos mais significativos dos últimos anos na emissora de Silvio Santos. Longe de se tratar apenas de um ajuste de grade, o anúncio revela uma mudança clara de estratégia e de linha editorial. A ideia é simples e poderosa: voltar às raízes no entretenimento, valorizar a informação com responsabilidade e, principalmente, parar de imitar a Record.
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Coletiva com cara de festival: influenciadores, fãs e torcidas na plateia
O evento de lançamento da nova grade vai além da tradicional “coletiva de imprensa”. Hoje, a presença de jornalistas especializados divide espaço com influenciadores digitais, blogueiros, curiosos e até representantes de torcidas organizadas. Todos disputam espaço no evento, refletindo a tentativa do SBT de dialogar com um público mais amplo, híbrido e conectado com as novas mídias.
A expectativa em torno da reformulação é alta, e os desdobramentos prometem repercutir muito além dos muros da Anhanguera. Não se trata apenas do que será exibido na tela, mas de como o SBT quer ser percebido daqui pra frente.
Um novo caminho: menos concorrência direta, mais identidade
A principal novidade não está em um programa específico, mas no reposicionamento editorial da emissora. Durante anos, o SBT travou uma batalha com a Record pela vice-liderança, muitas vezes adotando estratégias semelhantes às do canal rival, especialmente no jornalismo policial e na grade matinal.
Agora, a proposta é outra: em vez de copiar a Record, o SBT quer ser mais SBT. Isso significa investir naquilo que sempre foi seu diferencial — entretenimento popular, programas familiares e uma linguagem leve e acessível, sem abrir mão de um jornalismo forte, mas sem sensacionalismo.
Jornalismo mais nacional, menos sensacional
Embora o foco seja o entretenimento, o jornalismo segue como pilar da nova grade, mas com um papel mais estratégico e menos apelativo. O SBT promete entregar informação de qualidade, com linguagem nacionalizada, atendendo a uma demanda antiga das afiliadas, que há tempos rejeitam o excesso de pautas regionais concentradas em São Paulo.
Esse movimento busca resgatar a relevância informativa do SBT, mas sem rivalizar diretamente com o tom mais agressivo da Record. A emissora quer informar sem chocar, e isso já é uma grande diferença.
Ajuste de grade: novidades pontuais e foco no que já funciona
A reformulação da programação não trará mudanças drásticas em termos de conteúdo, mas sim um refinamento do que já está no ar. Programas infantis, doramas e novelas mexicanas continuam como pilares da grade, agora organizados com mais coerência e foco de público.
Entre as novidades mais comentadas está a chegada do apresentador Luiz Bacci, que será oficialmente anunciado como novo nome do canal. Fora isso, as mudanças são mais estruturais do que visuais — o que já sinaliza uma tentativa de reorganizar a casa sem perder sua essência.
Record se movimenta: concorrência atenta e pronta para reagir
Como esperado, os movimentos do SBT já começaram a provocar reações nos bastidores da Record. A emissora da Barra Funda, que tradicionalmente disputa espaço nas manhãs com o SBT, já estuda ajustes entre o “Fala Brasil” e o “Hoje em Dia”, antecipando possíveis impactos da nova grade concorrente.
Essa dinâmica de resposta e contra-resposta faz parte do jogo — e, sejamos honestos, é também o que torna o cenário da TV aberta tão interessante.
Conclusão: SBT acerta ao ser mais ele mesmo
O SBT, ao optar por retomar sua identidade original em vez de se perder em comparações, dá um passo maduro e estratégico. Ao abandonar o desejo de parecer com a Record e focar naquilo que sabe fazer bem — entreter com leveza e informar com respeito —, a emissora reencontra seu caminho.
Se as mudanças serão suficientes para reconquistar a audiência, ainda é cedo para dizer. Mas o gesto de se reencontrar com a própria essência já é, por si só, um grande acerto.