Após dias de polêmica envolvendo a demissão de um ex-gerente de cafeteria em Joinville (SC), o padre Fábio de Melo quebrou o silêncio nas redes sociais e fez um forte desabafo sobre a onda de ataques virtuais que tem enfrentado desde que relatou o episódio em sua conta pessoal. O religioso lamentou a intensidade das reações e criticou a forma como as redes sociais se transformaram em instrumentos de crueldade e disseminação de ódio gratuito.
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“As pessoas querem odiar por qualquer motivo”
No texto publicado em seu perfil, Fábio de Melo afirmou que existe uma crescente disposição das pessoas em atacar, sem refletir sobre os fatos ou considerar outras versões da história.
“As pessoas querem odiar. A qualquer custo, querem odiar. Por qualquer motivo”, escreveu.
Segundo ele, muitos utilizam a internet como um espaço seguro para descarregar suas frustrações e ressentimentos, eleger alvos e projetar lados sombrios da alma.
O padre explicou que esse tipo de comportamento não é novo, mas tem se agravado com o ambiente polarizado em que vivemos.
“A polarização política está por trás de tudo. Sempre esteve.”
Ele ainda destacou que, por não se alinhar abertamente a ideologias ou palanques políticos, passou a ser atacado por todos os lados:
“Sou atacado pelos dois lados. Ninguém viu o meu voto, mas juram que sabem qual é o meu posicionamento político.”
“Estou a um passo de desistir”: desabafo emociona seguidores
Em um dos trechos mais comoventes da publicação, Fábio de Melo revelou estar emocionalmente esgotado com os ataques que vem recebendo:
“Estou a um passo de desistir. Proteja-se. Você está sob a mira da mais assertiva armadilha que o Diabo criou: o mundo virtual.”
Segundo ele, até mesmo homenagens à própria mãe têm sido alvo de comentários ofensivos e injustos.
“O principal instrumento do ódio é a palavra, a pior de todas as armas. Ela fere, adoece, pesa tanto que prostra a alma.”
Entenda o caso que deu origem à polêmica
Toda a repercussão teve início no último dia 10 de maio, quando o padre relatou, em suas redes sociais, um atendimento supostamente grosseiro em uma unidade da cafeteria Havanna, em Joinville. Ele afirmou ter sido destratado por um gerente após questionar uma divergência de preço entre a etiqueta da prateleira e o valor cobrado no caixa por dois potes de doce de leite diet.
Dias depois, o gerente Jair José Aguiar foi demitido, gerando uma onda de críticas à postura do padre e da empresa. Jair deu sua versão à imprensa, negando qualquer contato direto com Fábio de Melo. Ele afirmou que apenas reposicionou a etiqueta de preço e que as imagens das câmeras de segurança não mostravam nenhum comportamento agressivo. Mesmo assim, os donos da franquia decidiram por sua dispensa diante da repercussão.
Fábio de Melo mantém versão e lamenta demissão
Em meio à polêmica, Fábio de Melo reafirmou seu relato e disse não haver motivo para mentir. Ele lamentou a demissão do funcionário e sugeriu que as imagens das câmeras fossem analisadas com mais cuidado, para que a verdade fosse restabelecida.
“É tão desproporcional a medida entre o que realmente aconteceu e o ataque que nós chegamos à conclusão de que as pessoas não querem a verdade. Elas só querem a versão que melhor se adapta à sua necessidade de odiar.”
O caso se tornou mais um exemplo da forma como a exposição online pode gerar reações em cadeia descontroladas, afetando reputações e empregos, muitas vezes sem que todos os lados sejam devidamente ouvidos.