Tempos de mudança sopram nos bastidores da teledramaturgia global. Se você, como eu, sente que as novelas da Globo andam “diferentes”, saiba que não está sozinho. Internamente, na emissora, comenta-se que parte do desgaste das produções vem de um fator crucial: a troca do puro entretenimento pela inclusão excessiva de causas e pautas sociais variadas.
A percepção é que o público, cada vez mais exigente e com um leque de opções de entretenimento nunca antes visto, está se afastando. O colunista Flavio Ricco trouxe à tona essa discussão, citando exemplos como o bordão “Eu sou resistência” de #ValeTudo (sim, aquele que soa forçado e que a gente sente que está ali mais para cumprir uma agenda do que para movimentar a trama). A sensação, segundo a análise interna, é que certas inserções parecem artificiais, um “empurrão” de temáticas que acabam por diluir o principal: a boa e velha história que prende o espectador.
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Do Ativismo à Fuga do Público?
É inegável que a teledramaturgia brasileira sempre foi um espelho da sociedade, e a Globo, em particular, teve um papel fundamental na discussão de temas relevantes, desde o tráfico sexual até questões de saúde e direitos humanos. Novelas como “Laços de Família” (câncer) ou “Salve Jorge” (tráfico humano) foram marcos, abrindo debates importantes na casa dos brasileiros.
No entanto, a linha tênue entre a relevância social e o didatismo em excesso parece ter sido cruzada. Há quem argumente que a emissora se tornou “refém do politicamente correto” e de uma “visão woke” que, por vezes, engessa as narrativas. Críticas apontam que a busca por consensos e a dificuldade em construir vilões complexos (priorizando, por exemplo, vilões “homens brancos héteros” sem profundidade) contribuem para a perda de audiência. O resultado? Novelas que, em vez de provocarem debate, acabam sendo percebidas como “chatas” ou previsíveis.
A Concorrência e a Necessidade de Reinvenção
Esse cenário é agravado pela crescente concorrência do streaming. Com plataformas como Netflix, Max, Disney+ e tantas outras oferecendo um cardápio vastíssimo de séries e filmes que dialogam diretamente com as novas gerações e com os anseios de um público global, a novela tradicional precisa se reinventar. Além disso, a perda de talentos para essas plataformas, que oferecem mais liberdade criativa e estruturas de produção diferenciadas, também pesa no jogo da audiência.
O Retorno ao “Arroz com Feijão Bem Temperado”
Diante desse quadro, a boa notícia é que há um esforço em curso na Globo para reverter a situação. A meta? Voltar ao “arroz com feijão bem temperado”. Isso significa, em essência, focar no que a novela brasileira sempre fez de melhor: histórias cativantes, personagens complexos, dramas humanos universais e, claro, um bom tempero de romance, humor e mistério. A ideia é priorizar o entretenimento puro, sem abrir mão da relevância, mas com a sutileza que a teledramaturgia de qualidade exige.
Será que essa “volta às origens” será suficiente para reconquistar o público e devolver o brilho às novelas da Globo? O tempo dirá, mas a percepção interna já é um passo importante para essa virada. E você, o que acha? As novelas da Globo precisam mesmo de menos pautas e mais boas histórias? Deixe sua opinião nos comentários!